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Tocantins é o 3º estado do país com maior alta no número de assassinatos

Enquanto os números subiram no estado, no Brasil houve queda de 3,4%. Dados são referentes ao primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado.

 

 

O Tocantins é o terceiro estado do Brasil com a maior alta no número de assassinatos no primeiro semestre de 2023. Entre janeiro e junho deste ano, 227 pessoas foram vítimas de crimes violentos no estado. No mesmo período do ano passado foram 209 vítimas, o que equivale a um aumento de 8,6%.

O estado está entre os dez que apresentaram aumento no número de mortes violentas. Em contrapartida, o país registrou uma baixa de 3,4% em relação ao primeiro semestre do ano anterior.

A Secretaria de Segurança Pública afirmou em nota que nenhum município tocantinense figura entre os municípios mais violentos do país. Também disse que o Estado apresenta queda nos números de crimes violentos, se forem considerado os casos até 16 de agosto. Afirmou ainda que tem promovido o enfrentamento a facções criminosas e ao tráfico e microtráfico, fazendo prisões e investigando todas as mortes. (Veja nota completa abaixo)

O levantamento foi feito por meio do Monitor da Violência. O projeto analisou os dados oficiais de 26 estados e do Distrito Federal no primeiro semestre. O trabalho é uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Dos três primeiros estados no ranking, dois fazem parte da região norte.

Maiores altas nos assassinatos no semestre

  • Amapá: +65,1%
  • Rio de Janeiro: +17,3%
  • Tocantins: +8,6%

Estão contabilizadas as vítimas de homicídios dolosos (incluindo os feminicídios), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Juntos, estes casos compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.

O número de mortes violentas pode ser ainda maior, já que este balanço não leva em consideração as pessoas que foram mortas pela polícia. Neste caso, o Tocantins teria pelo menos mais 20 mortes no primeiro semestre do ano.

No primeiro trimestre, o Tocantins já havia contabilizado um número maior do que o do ano anterior.Conforme o levantamento divulgado, 103 mortes ocorreram entre janeiro e março. No mesmo período de 2022, foram 96.

Números por mês

O mês de maio contabilizou a maior quantidade de crimes violentos. Segundo o levantamento, 48 pessoas foram mortas. O número no estado foi puxado principalmente pela onda de violência em Palmas. Só na capital, 25 pessoas foram assassinadas entre 1º e 31 de maio.

Confira os números de crimes violentos no estado mês a mês:

  • Janeiro – 45
  • Fevereiro – 33
  • Março – 27
  • Abril – 39
  • Maio – 48
  • Junho – 35

Entre as vítimas recentes está Victor Gabriel Alves Saraiva dos Santos, de 18 anos. Segundo a família, ele trabalhava como auxiliar num viveiro de eucalipto em um assentamento. A vítima foi brutalmente assassinada durante uma ida ao supermercado.

“Ele saía todo dia às 6h e chegava às 17h. Quando ele não estava no campinho, ele estava no quarto dele, não era menino de rua, de farra, de bebedeira. A gente quer um esclarecimento pela morte do Victor”, comenta a tia do jovem, Lilian Alves.

Em maio, o g1 fez um levantamento que apontou o perfil das vítimas. Homens pretos ou pardos que vivem na periferia e têm entre 20 e 30 anos formam a maioria das vítimas de assassinato em Palmas em 2023. A grande maioria dos homicídios aconteceu na região sul da capital.

Prisão de suposto mandante

 

No dia 11 de julho, Carlos Augusto Silva Fraga, conhecido como Dad Charada, foi preso no Rio Grande do Sul e transferido para Palmas. Ele era apontado como mandante de pelo menos 50 mortes que aconteceram durante a onda de violência que tomou conta de Palmas no primeiro semestre.

Charada foi encaminhado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas e depois para a Unidade Penal Barra da Grota, em Araguaína. No dia 23 de julho, ele foi encontrado mortodentro da cela. O laudo aponta que o suspeito tirou a própria vida, mas a família contesta, já que ele vinha recebendo ameaças.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

 

Monitor da Violência

 

“Com relação ao dado apresentado no questionário que dá conta que o Tocantins é o terceiro estado da federação com maior número de homicídios, não tivemos acesso a essa pesquisa tampouco à sua metodologia, razão pela qual fica prejudicada qualquer análise e qualquer comentário desse dado apresentado. Gostaria apenas de frisar que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicou recentemente dados referente aos municípios brasileiros com maior taxa de homicídios considerando aí a população desses homicídios, é o índice homicídio por população, e felizmente, nenhum município tocantinense figura entre os municípios mais violentos do país pelo menos com relação ao número de homicídios que é o critério utilizado na pesquisa.”

Dados Oficiais da SSP-TO

“Analisando as estatísticas oficiais do Estado percebemos que no ano de 2023 vem ocorrendo uma redução dos crimes violentos letais intencionais em todo o Estado, à exceção que se faz é com relação a nossa capital Palmas, onde de fato houve um aumento. Se pegarmos os dados de 2023 até a presente data (16/08) contabilizamos 236 homicídios, em 2022 nesse mesmo período já haviam sido contabilizadas 255 homicídios. Isso quer dizer que, mesmo com toda crise que nós vivenciamos em Palmas com relação ao aumento dos homicídios, os números do Estado do Tocantins são menores que os registrados em 2022, considerando o período de 1º de janeiro a 16 de agosto.

Se analisarmos por cada uma das regiões integradas de segurança pública, as chamadas RISPs, percebemos uma redução do número de homicídios em todas as regiões, com exceção da região do Jalapão que foi impactada pelo aumento dos números de homicídios registrados em Palmas. Em todas as demais regiões houve uma redução desses índices. Se verificarmos os maiores municípios do Estado do Tocantins, percebemos que com exceção de Palmas, em todos os municípios houve uma redução dos índices de homicídios.

Em Palmas houve sim um número considerável de homicídios. Registramos em 2023, 94 homicídios. Nesse mesmo período de 2022, Palmas registrou 49 homicídios.

Nas demais cidades houve redução significativa. Araguaína mesmo, registrou 17 homicídios em 2023, nesse mesmo período de 2022 foram 30 homicídios. Gurupi foram registrados 4 homicídios esse ano e no ano passado, no mesmo período, foram registrados 14, portanto, dez homicídios a mais. Porto Nacional foram seis homicídios esse ano e em 2022, 14 homicídios, ou seja, oito a mais. Essa redução, ela vem sendo verificada na grande maioria dos municípios tocantinenses, à exceção que se faz, é com a nossa Capital.

Com relação ao latrocínio, que é o roubo seguido de morte, percebemos que no ano de 2023 foram registrados em todo Estado, 13 latrocínios. Já no ano de 2022, até essa data, haviam sido registrados 16 latrocínios, ou seja, número maior que do que foi registrado no corrente ano.

Se pegarmos os dados referentes ao crime de feminicídio, verificamos que no ano de 2023 foram registrados em todo o Estado, oito feminicídios; em 2022 foram contabilizados 14.

Então percebemos que houve uma redução dos crimes violentos letais intencionais em todo o Estado. Nós temos um ponto excepcional que é a nossa capital Palmas em que de fato houve sim, o aumento do número de homicídios.”

A que se deve o aumento em Palmas

“Esse aumento do número de homicídios está relacionado diretamente ao enfrentamento das duas principais facções criminosas instaladas aqui na Capital. Essas organizações criminosas estão relacionadas ao tráfico de drogas, têm ramificações em outros estados da federação e esse fenômeno de enfrentamento desses grupos, ele é verificado não só aqui no Tocantins, mas em vários outros estados da federação. Esse conflito está relacionado à disputa por espaço, por poder, por território, relacionados ao tráfico de drogas, e também motivados por vingança de alguns membros.

Se analisarmos os números referente ao ano de 2023, vemos que em janeiro foram contabilizados 16 homicídios; em fevereiro tivemos 17; março tivemos 17; abril 13; maio 25; junho 12. julho 3; e agosto, 1. Percebemos que vivemos o ápice da crise em maio, quando contabilizamos 25 mortes, de maio pra cá, percebemos uma redução desses índices. Em junho registramos 12 e nos meses de julho e agosto tivemos 4 homicídios. Essa redução é fruto de todo o trabalho que foi desempenhado não só pela Polícia Civil, demais forças de segurança, sistema de segurança funcionando, o que possibilitou que conseguíssemos essa redução desses índices.”

Ações de enfrentamento

No âmbito da Polícia Civil foram concentrados esforços, no sentido de otimizar as ações das divisões especializadas que vivem diretamente o enfrentamento dessas facções criminosas, em especial, a 1ª DHPP que tem a missão de investigar os homicídios e a 1ª Denarc que tem a missão de investigar o crime de tráfico de drogas. Essas facções estão relacionadas no contexto de tráfico de drogas e muito tem sido feito por essas equipes.

No âmbito da DRACCO já foram efetuadas 193 prisões, somente a 1ª DHPP já prendeu 55 pessoas. São números que expressam o grau de eficiência e comprometimento das equipes e desses profissionais e como a investigação de homicídios vem sendo tratada com seriedade.

Além da DHPP, destacamos atuações recentes da Denarc que, por meio da investigação ao tráfico de drogas, vem conseguindo também desarticular as facções, vamos dar o exemplo da Operação Broken Windows com foco no microtráfico. Além de outras operações que tiraram de circulação indivíduos faccionados, de alta periculosidade, que estavam cometendo esses crimes.

A soma de esforços das divisões de polícia especializadas juntamente com a atuação das outras forças de segurança, possibilitou que a gente superasse o ápice da crise, e no momento atual, estamos vivenciando um momento mais tranquilo com relação aos homicídios. Não podemos afirmar que superamos a crise, mas para o momento, podemos dizer que vivemos um momento mais tranquilo.

Conclusão inquéritos

“Investigações de homicídios são complexas e levam tempo até que os inquéritos sejam concluídos. O que podemos dizer é que, cada homicídio, ele é investigado, nenhuma morte é negligenciada pela Polícia Civil. A cada homicídio é instaurado um inquérito policial em que é realizada uma rigorosa investigação, mas nem sempre os resultados vêm na mesma velocidade ansiada pela sociedade, tem toda um procedimento legal a ser respeitado.

O foco que tínhamos era frear esses homicídios, e esse resultado, pelo menos momentaneamente, está sendo atingido. Nós conseguimos chegar em um momento de redução desses homicídios e, agora, com calma, as equipes vão se debruçar e concluir os procedimentos que existem. Muitos dos crimes registrados no ano na Capital já têm a autoria definida, e no momento oportuno, as equipes da DHPP vão concluir os procedimentos e divulgar os resultados das investigações.”

Dad Charada

“Com relação à prisão do indivíduo conhecido como Dad Charada, estamos acompanhando as investigações. Ele era alvo de investigações tanto da DHPP quanto da Denarc. Indivíduo que era de altíssima periculosidade, responsável direta ou indiretamente, por grande parte dos homicídios ocorridos na Capital. Posteriormente à sua prisão, ele veio a falecer na unidade prisional, e estamos acompanhando os desdobramentos a respeito do que ocorreu em Araguaína. É uma investigação que vendo sendo conduzida com muita seriedade pela equipe de Araguaína e vamos aguardar o resultado final das investigações, mas podemos dizer que tudo que está ao alcance foi realizado: todas as perícias necessárias, as oitivas estão sendo conduzidas, e no final dessa investigação, será apresentado com a maior transparência, o resultado dessa investigação relacionada à morte desse indivíduo.

Não é coincidência que, após a prisão do mesmo, a gente verificou uma redução significativa desses homicídios. Se analisarmos que a partir de julho, momento em foi preso, desde então, praticamente não ocorreram tantos homicídios; registramos 4 homicídios em julho e agosto, considerando os meses anteriores em que estavam sendo registrados mais de dez homicídios/mês. Podemos afirmar que houve uma significativa redução e essa redução não é coincidência, é o impacto dessa prisão. Mas o trabalho continua, o monitoramento dessas facções criminosas continua, novas prisões vão ser realizadas tanto pela DHPP quanto pela Denarc e pela DEIC, que tem o papel de investigar essas organizações de forma macro. Então a Polícia Civil não para, o trabalho investigativo continua e no decorrer do ano com certeza vamos ter novas prisões, novos resultados do trabalho que vem sendo realizado.”

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