América Aparecida, Roseane Cordeiro e Edmárcia Silva encontraram no trabalho voluntário o caminho para seguir a jornada da vida.
“A vida vale a pena ser vivida apesar de todas as dificuldades”, já dizia o escritor Érico Veríssimo. Para as três amigas, América Aparecida Oliveira Xavier Germano, coordenadora pedagógica da Escola Estadual Agrícola David Aires Franca, localizada na Rodovia Arraias/Campos Belos; Edmárcia Pereira de Souza Silva e Roseane Rodrigues Cordeiro, técnicas de Inspeção Escolar da Superintendência Regional de Educação de Arraias, os desafios da vida lhes impulsionaram a realizar ações para ajudar outras mulheres, a superarem dificuldades, principalmente na saúde. Essas três amigas fazem parte de um grupo de mulheres que realizam ações, campanhas de ajuda para o Hospital de Amor de Barretos, São Paulo.
Elas são mulheres engajadas, protagonistas, que realizam na cidade leilões e campanhas para adquirir recursos que são enviados para o hospital. Elas também ajudam na divulgação da carreta que realiza exames de prevenção ao câncer de colo de útero e de mama. E quando há casos diagnosticados com a doença, o grupo de mulheres acompanha a paciente na realização de exames de biópsia, exames complementares, ajuda a organizar os documentos necessários para dar início ao tratamento.
Uma jornada de superação
Edmárcia tem uma história de superação em várias etapas da vida. Ela foi aprovada num concurso público estadual para o cargo de Assistente Administrativo, no ano de 1994. Ela não ficou acomodada, foi estudar e, em 2002, assumiu o concurso como professora da Educação Básica. Trabalhou em diversas escolas e desde 2011 atua na Superintendência Regional de Educação (SRE) de Arraias.
Edmárcia é mãe de dois filhos. O mais novo faleceu em 2009, com apenas 10 anos, num acidente trágico. Antes ela já tinha perdido a irmã com câncer e, em 2015, o esposo faleceu num trágico acidente de moto. “Não é fácil dar novo significado à vida diante de situações drásticas pelas quais vivi, mas a força maior é Deus, minha família e os amigos. Eu me permiti sentir, sofrer e chorar, depois fiz a escolha de dar um novo sentido para a vida”, afirmou.
Participar de um grupo de mulheres que ajudam outras pessoas fez Edmárcia superar suas dores, a compartilhar seus sentimentos de força e superação. “Em 2017, junto com um grupo de amigas, aceitamos o desafio de desenvolver um trabalho voluntário em prol do Hospital de Amor, esta atitude também me impulsiona a perceber que estou conseguindo deixar um legado”, contou.
Roseana é pedagoga e foi aprovada num concurso do estado em 2002, para o cargo de Supervisão Escolar e desde a ocasião ela trabalha na SRE de Arraias. Ela fala que tem orgulho de ser mulher, ressalta as conquistas que as mulheres alcançaram ao longo dos anos. “Eu me identifico como forte, batalhadora e determinada, mesmo diante de tantas atribuições e sobrecarga em torno da mulher. Eu sou grata pelo que sou”, frisou.
Roseana foi diagnosticada com uma retocolite no intestino em 2019, quando iniciou um tratamento que está sendo realizado até os dias atuais. “Eu estou me tratando em Goiânia, encontrei um médico muito bom, estou buscando a cura, a qualidade de vida. Apesar desse desafio, eu estou bem, graças a Deus”, afirmou.
Quanto a participar do grupo de voluntários do Hospital de Amor, Roseana ressaltou que mesmo diante de tantos afazeres, conseguir um tempinho para ajudar o próximo é algo muito valioso.
A educadora América tem dois filhos, é formada em Pedagogia e pós-graduada em Libras e em Educação Inclusiva. O seu maior desafio foi perder o irmão, aos 42 anos, com câncer. “Esse fato me doeu muito, ele deixou seis filhos pequenos. Pedi a Deus a oportunidade de ser voluntária nesta causa e um dia eu fui convidada. E é com muito amor que não largo a mão dos que vão passando pela minha vida. E incrivelmente, no ano passado, eu perdi o meu pai com a mesma doença e com o mesmo sofrimento. Mas aí eu já estava mais fortalecida e aprendi a lidar com a situação. Tenho vivido grandes experiências neste universo chamado câncer”, comentou.
América também encontrou no trabalho voluntário uma forma de superar os desafios da vida. “Eu tenho orgulho da mulher que me tornei, filha, esposa, mãe, professora, voluntária e poetisa. Ser mulher, para mim, é conseguir equilibrar a vida enfrentando as muitas adversidades que encontramos ao longo do caminho. Ser mulher é nunca desistir de ninguém e andar agarrada àqueles que nos veem como fonte de vida, que nos veem como força e vigor de um gênero que só parece frágil, mas somos o refúgio para que muitos se fortaleçam”, enfatizou.
A professora América aproveita a poesia para expressar seus sentimentos. “Só queria voar tão alto como as águias… não ter horas para pousar, sem rumo, sem destino… mesmo correndo o risco de me perder. Assim como as águias, não perderia as forças, me agarraria aos galhos presos ao vento… Assim como as águias, queria ter uma visão profunda, que enxergasse além do coração”, trecho do poema ‘Voando com as águias’.
Fotos: Arquivos/SRE de Arraias/Governo do Tocantins
Josélia de Lima/Governo do Tocantins
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