Objetivo do líder criminoso era dizimar lideranças da facção rival em clara disputa por poder.
A Polícia Civil do Tocantins deflagrou nesta quinta-feira, 23, a 2ª fase da Operação Gotham City, na qual realizou o recambiamento de W.O.C., 28 anos, vulgo Luxúria ou LX, mais importante liderança de uma facção carioca atuante no Tocantins. Luxúria estava recolhido no presídio de Mata Grande, na cidade de Rondonópolis (MT), desde o dia 30 de agosto, quando foi preso pelas equipes do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Mato Grosso (Bope/PM-MT) com a ajuda da PM do Tocantins, em razão de sua participação em um assalto na cidade de Cametá (PA), na modalidade novo cangaço.
Já em solo tocantinense, a equipe da 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Palmas), responsável pelo translado do preso, deu cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido contra Luxúria por conta de seu envolvimento na onda de homicídios ocorrida no primeiro semestre do ano, na condição de mandante desses crimes. Após os procedimentos legais cabíveis, Luxúria foi encaminhado ainda nesta quinta-feira, 19, para a Unidade Prisional de Palmas.
Em entrevista coletiva à imprensa, concedida nesta sexta-feira, 20, no Palácio Araguaia, o delegado-geral Claudemir Luiz Ferreira, a cúpula da Polícia Civil do Tocantins e os delegados da 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Palmas), Guilherme Torres, Eduardo Menezes e Israel Andrade, apresentaram os detalhes das investigações que levaram à prisão de Luxúria, considerado uma das maiores lideranças do crime organizado no Tocantins.
“Mais uma vez estamos aqui mostrando o resultado efetivo da Polícia Civil do Tocantins, especialmente da equipe da DHPP de Palmas. Com mais essa resposta, destacamos o incessante combate às organizações criminosas e a prisão de importantes líderes”, disse o delegado-geral Claudemir Luiz, também destacando o importante trabalho que é feito de forma integrada pelas forças de segurança do Estado.
Também presente à coletiva, o secretário da Cidadania e Justiça, Deusiano Amorim, parabenizou o trabalho desempenhado pela Polícia Civil. “Parabenizamos a equipe da Delegacia de Homicídios e reforçamos que o serviço do sistema prisional, de toda a Seciju, está à disposição para continuar contribuindo com esse trabalho que vem surtindo efeito e possibilitando uma maior tranquilidade à população, especialmente da Capital”, afirmou.
Mandado
A representação pela prisão de Luxúria se deve à suspeita de seu envolvimento na morte de Wesley Dias Carvalho, 37 anos, que ocorreu no dia 3 de junho deste ano. “Esse inquérito está em fase final e aponta para o envolvimento dele, mas existem outros no âmbito da DHPP que também indicam a mentoria dele”, informou o delegado Eduardo Menezes, responsável pelo caso.
Wesley, vulgo Gringo, foi morto por volta de 13h30, quando trabalhava em restaurante da quadra ASR-SE 15 (112 Sul). Ele foi surpreendido por dois indivíduos em uma motocicleta que chegaram ao local e abriram fogo com uma pistola de calibre. 40. No momento dos disparos, o atirador acabou acertando dois tiros no próprio comparsa, lesionando o mesmo no abdômen e também no braço. O suspeito ferido foi preso logo após receber atendimento médico no Hospital Geral de Palmas (HGP).
Ameaça a policiais
A morte de Wesley está entre as 96 ocorrências de homicídios ocorridas no primeiro semestre na Capital. Durante as investigações desses crimes, a 1ª DHPP apurou como mandantes dessa onda criminosa, Luxúria e Carlos Augusto Silva Fraga, o Dad Charada. Este último foi localizado em Passo Fundo (RS) e recambiado para o Tocantins no dia 11 de julho, sendo encaminhado para unidade prisional de Palmas e, posteriormente, transferido para o Presídio Barra da Grota, em Araguaína, onde foi encontrado morto no dia 23 de julho.
A partir da morte de Dad Charada, os policiais da DHPP – Palmas começaram a receber ameaças da facção liderada por LX. Um informante, ligado ao grupo, deu detalhes do plano de morte a ser executado contra um dos policiais. Desde então, todos andam escoltados, bem como seus familiares.
Apesar das ameaças e intimidações, as investigações continuaram no sentido de encontrar LX, tido como o organizador do plano de mortes. “Conseguimos localizar LX e representamos por um mandado de busca e apreensão em seu endereço em Rondonópolis. Quando estávamos nos organizando para deflagrar a operação, fomos surpreendidos com a prisão dele, exatamente no mesmo endereço. Como o objetivo da busca era colher material para os inquéritos em andamento e os mesmos já haviam sido recolhidos, representamos novamente, mas dessa vez pela prisão preventiva, a qual foi prontamente deferida”, destacou.
Vania Machado e Sara Cardoso/Governo do Tocantins
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