Professora Telma de Sousa Santos, mulher negra, que encontrou nas causas sociais uma forma de contribuir com a formação da sociedade e de uma consciência de respeito e de tolerância.
Dar um sentido mais significativo para a vida foi o que fez Telma de Sousa Santos Barbosa, que trabalha na Escola Estadual Professor Alfredo Nasser, em Araguaína, ao se tornar professora e se envolver na luta contra o racismo. Foi na fase adulta que ela se identificou como mulher negra e foi na escola que ela sentiu a necessidade de trabalhar temas referentes ao racismo, com professores, profissionais da educação e estudantes.
Um desses trabalhos que ela realizou, em parceria com o professor Manuel Barbosa da Silva, da Escola Estadual João Guilherme Leite Kunze, foi o projeto “Personalidades Negras do Tocantins”, idealizado com a proposta de apresentar aos estudantes algumas histórias de pessoas que defenderam e lutaram em prol de uma sociedade sem racismo.
Sua inquietação permitiu que, em 2000, ela formasse a Associação Negra Cor de Araguaína, que reúne pessoas que lutam contra o racismo e ajuda na formação de professores de acordo com as Leis 10.639/03 e 11.645/08. E é nessa associação que Telma e outros colegas estudam temas, ajudam a esclarecer dúvidas nas escolas e a promover ações que possam ajudar a sociedade a desenvolver uma consciência de respeito e tolerância social.
Telma nasceu em Teresina, no Piauí, é graduada em História pela Fundação Universidade do Tocantins. Ela tem uma segunda graduação em Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (Fael) e é especialista em História da África e Cultura afro-brasileira, pela Universidade Federal do Tocantins. É professora da rede pública estadual em Araguaína desde 1998, atualmente trabalha na biblioteca, e foi professora supervisora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid – UFT).
Telma também é membro do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, participa do Grupo de Pesquisa Afro-brasileiro da Universidade Federal do Tocantins, câmpus de Tocantinópolis, onde atua na função de secretária do Centro de Direitos Humanos de Araguaína – Dom Helder Câmara e preside o Coletivo Julho das Pretas Karen Luz.
Com referência ao trabalho realizado na Associação Negra Cor, a professora Telma destacou a importância de ampliar o trabalho realizado. “Nós iniciamos a associação por causa da necessidade de permanecer na luta contra o racismo. Entendemos que é preciso levar esse diálogo para as escolas para que a comunidade compreenda e respeite as nossas diferenças. O nosso trabalho ganhou mais espaços, desenvolvemos ações de luta para zerar a violência contra a mulher, contra a criança e o idoso. Acreditamos numa sociedade cujas pessoas possam viver em harmonia, com respeito mútuo e que sejam mais solidárias”, esclareceu.
Criando uma identidade
Um dos fatores que contribuiu muito para a sua formação foi a participação nos grupos de jovens da Igreja Católica. “Nesses espaços aprendemos a desenvolver trabalhos para ajudar pessoas e famílias. Esse sentimento de solidariedade nasceu daí, quando eu tinha 18 anos. Já o encontro com a identidade negra aconteceu quando entrei na faculdade, veio um processo de mudança, de aceitação e de encontro comigo mesma. E hoje, posso dizer que sou mais feliz, realizada e estou pronta para ajudar crianças, jovens e adultos a buscarem suas identidades, a enaltecerem suas histórias e a valorizarem a riqueza que é a diversidade humana”, contou.
A professora é mãe de três filhos e cuida de dois sobrinhos. Durante a jornada de vida, ela aprendeu a considerar os valores adquiridos com os seus familiares, principalmente, com a sua mãe Benildes Gomes de Sousa Santos e com o pai Luiz Pereira dos Santos Filho. “Eu venho de uma família na qual as mulheres têm o controle. Minha avó e minha mãe deram exemplos de mulheres fortes e determinadas. O meu pai me deu a liberdade de fazer as minhas escolhas. Em 1994, resolvi casar e vir para o Tocantins. Então, para mim, ser mulher é poder fazer as escolhas, é ter um posicionamento, é tomar conta do corpo, e eu optei por viver a vida conforme a direção dos meus ancestrais”, contou Telma.
Então, consciente do que desejava para a vida, aos 18 anos, Telma escolheu ser catequista da igreja, participar do grupo de jovens e conquistar uma profissão. “Comecei a trabalhar para não depender financeiramente do esposo e, no caminhar da vida, aprendi a ser resiliente e a ser resistente. E hoje eu sou feliz com todas essas conquistas”, afirmou.
Josélia de Lima/Governo do Tocantins
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