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Coração está apertado, toma cuidado, diz mãe que teve premonição momentos antes de filha ser assassinada.

Caso dela é um dos vários que nunca foram solucionados pela Polícia Civil. Beatriz Andrade da Silva foi morta praticamente na porta de casa após marcar de sair com amigos.

 

 

A jovem Beatriz Andrade da Silva, de 17 anos, foi morta praticamente na porta de casa após sair com alguns amigos. Momentos antes, a mãe dela tinha mandado mensagens no celular pedindo para que a filha voltasse para casa: ‘Meu coração está apertado, toma cuidado’.

O assassinato de Beatriz Andrade aconteceu no dia 27 de fevereiro de 2020, por volta das 21h30. Até hoje a mãe dela, Lucivanea Lima da Silva, não teve resposta sobre quem matou a filha e o motivo.

O crime é um dos vários que não foram resolvidos pela Polícia Civil do Tocantins. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que segue investigando.

“Foi questão de cinco minutos. Só escutei aquela zuada de tiros, só que eu nunca imaginava que era minha filha. Eu sentia aquela premonição de mãe. Aí eu ainda mandei mensagem dizendo filha volta para casa porque passou um pessoal atirando”, lamentou a dona de casa.

Os prints da tela do celular mostram a última conversa entre mãe e filha:

  • Mãe: – Você não vai sair não né?
  • Filha: – Sim, mas vou dormir em casa. Vou esperar […] aqui na frente
  • Mãe: – Meu coração está apertado, toma cuidado.
  • Mãe: – Acabaram de passar aqui atirando. Filha. Atende. Vem para casa.

Apesar dos tiros ouvidos pela mãe, o relatório da polícia apontou que a jovem foi morta com golpes de capacete e facadas.

Ineficiência das investigações

 

Um levantamento da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil revelou que a Polícia Civil resolveu apenas 35% dos inquéritos no Tocantins em 2022.

“O que se sabe era que eram dois rapazes e uma mulher. Esse pessoal passou em frente de casa. As câmeras filmaram, mas não dava de ver nitidamente porque era à noite. Não foi solucionado e o que fica é a dor porque, na verdade, acabou minha vida”, lamentou a mãe.

Informações obtidas em maio deste ano, com base na Lei de Acesso à informação, demostrou dados semelhantes em 2023:dos 65 inquéritos de homicídio abertos para investigar assassinatos neste ano, apenas sete tinham sido finalizados.

O Gustavo Nascimento Silva, de 27 ano, também foi vítima da violência em Palmas. Tem um ano que a vida da dona Maria Antônia Nascimento, mãe dele, não é mais a mesma. Vendedora de café da manhã numa estação de ônibus em Palmas, ela perdeu quem mais amava e a ajudava com as despesas.

O jovem trabalhava como padeiro num supermercado e foi brutalmente assassinado em outubro de 2022, quando foi em uma kitnet a pedido de um amigo. “Alguém matou meu filho pelas costas, cinco punhaladas pelas costas. Ele era um trabalhador, não era qualquer um”, disse a mãe.

Ela também afirma que nunca soube o que aconteceu exatamente e que até agora o caso não foi concluído pela polícia. Ninguém foi preso. “É muito difícil vive sem uma resposta. Simplesmente não está tendo justiça”, lamentou.

O advogado Cristian Ribas, especialista em direitos humanos, afirma que a ausência da solução afeta diretamente as famílias em vulnerabilidade socioeconômica.

“Essa discricionariedade compreende e abrange a naturalização e a banalização de determinadas mortes, sobretudo quando essas mortes são de jovens negros, pessoas pobres e moradoras das periferias. O Estado dá um tratamento diferenciado para esses corpos, essas existências e é por isso que temos uma baixa resolutividade.”

O que diz a Polícia Civil

 

A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que ambos os casos seguem sendo investigados pela 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP Palmas), que vem trabalhando para elucidar os fatos, identificar os autores e prendê-los para que respondam por seus crimes. Mais informações serão repassadas em momento oportuno.

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